quinta-feira, 7 de abril de 2011

Encontro Alarmante - julho78

Curta-metragem

Lindo dia de verão, sol ao pino, no centro urbano da velha e degradante metrópole, encontro-me frente a banca de jornal, quantas manchetes do mesmo assunto, da mesma rotina. Cansado após algumas horas de caminhada, o dia de domingo é mais calmo menos pedestres, menos tudo.Minha programação dominical consistia assistir ao lançamento cinematográfico “Sereias” no antigo cine Marabá instalado na região do meretrício. Entretido na leitura absorto nas capas de revista, recebo inusitado esbarrão no corpo, quase perdendo o equilíbrio do corpo, voltando a me recompor percebo uma pessoa com vestes femininas voltando-se a minha frente, a surpresa me deixa estático, a figura em gesto rápido movimenta sua mãos em direção e segura meus culhones, testículos no sacrossanto, anteriormente adormecidos irradiam dor. Saio do estado de torpor e contrição, retirando delicadamente a mão intencionada no meu tesouro. A excêntrica figura em movimentos bailarinos se posta a minha frente de maneiraem pose fotográfica, aguardando o click e flash, piscava insistentemente.

Meus sentimentos embolavam-se, a raiva franzia sobrancelhas, olhos semicerrados, a dor latejando partes do corpo, plácido fotografo aflorando compaixão assistia a pobre criatura alterando os movimentos acrobáticos descansando a mão esquerda entre as nádegas duras e crespas, mão que segurou em calejados culhones.

- É aííí...Gostosssura, ta afim de curtir uma amizade colorida benzinho!

A cena é terrificante, diante de mim a criatura morena, 1,70 mts.de altura, cabelos castanhos curtos, olhos com prováveis lentes azuis destoando a combinação de trajes sumários em ritmo desarmônico de cores e rústicos acessórios, análoga arvore de natal a piscar luzes ao redor e aquela voz fanha e rouca. Me converti a uma paralítica estatua de intrigas, o que é que estava acontecendo? Quem é essa criatura? É essa dor que não passa, esse filho da puta!

- Amor... A gente pode ir para o meu apartamento, tem uns drinks dá hora, tem erva sê quiser... tem som e principalmente eu... Pámela...

Permaneço mudo, intrigas convertendo em indecisão, Sai naquele domingo ensolarado pra curtir um filme em passeio solitário, agora um convite, uma mudança de planos. Aceitar tão atrativo convite, tinha ervas na parada, uma diversão diferente... Ou avançar para a criatura e esmurrar a dor que se mantinha reticente? Minha intuição gritava:
- Godofredo! (Na voz de minha mãe), não ande com estranhos, estranhos tem sempre duas intenções.

Respirei fundo, discernindo:
- Pámela, é esse seu nome... De guerra!, bem ouça, eu vim lá do subúrbio para assistir um filme, e é o que vou fazer a sessão começa daqui a meia hora, caso você queira esperar poderemos fazer o tal programinha colorido.
- Sê é assim que você quer meu chuchu, meu ponto é aqui mesmo onde você está, $ 25,00 pratas, sem chupada!... Mas, como estou muito a fim de você e garantir sua volta, vou te entregar metade desta nota de $50,00... Vou te pagar a outra metade no final de nosso encontro.

Com a metade da nota de $50,00, dei meia volta em direção ao cine Marabá. Fui a passos rápidos e pensando o que fazer, me vingo daquela criatura jogando fora o pedaço de papel moeda e volto para casa, ou quem sabe, o que pode rolar, considerando esportivamente a diversão com a pitoresca criatura. Uma situação de cada vez, fui me entreter com o filme, depois resolvo.

Três horas mais tarde, sigo em direção ao terminal de ônibus, de passagem pela famigerada banca de jornal, lá está a criatura Pámela, não tem como perceber o distúrbio avesso ao cenário que apresentava o entardecer.

- Oi meu chuchu, gosto do filme?
- Desencana!
- Então vamos lá para o meu apê, quero te explicar direitinho como é uma amizade colorida com a senhorita Pámela! Olhai aqui a outra parte do dim-dim...
- Ta certo, mas vai ser uma rapidinha, minha mãe ta me esperando pra jantar.
- Cruzes, vamos indo, já to ficando molhadinha, você é um chuchu dus bão, deu pra sentir a substância.

Segui procurando certa distancia, na quadra seguinte de prédios desolados, entramos por estreita porta e comprido corredor até o elevador.

- Moro aqui no 8ª andar, aqui chamamos cada andar pela cor, eu sou da equipe vermelha, num é chiquerrímo!

Abre se as grades do velho elevador liberando a passagem para um antro onde referenciava a equipe vermelha, tudo em tons vermelhos, sujos e poerentos com diversos quartos sem portas dividindo o andar, pasmo entrei no que contei ser a terceira abertura, o que pude entender como sala ou quarto a decoração tinha haver tudo haver com a peça rara, enormes cartazes de galãs de cinema e televisão, muitas fotos penduradas sem esquadro de homens nus, tinha até a de um famoso jogador de futebol sentado encima da bola com o penduricalho exposto ereto.

- Interessante sua decoração Pámela, mas puxa vida, como vou conseguir tesão com essa parafernália a minha volta!
- Benzinho, você disse que tem que ser rapidinho, então se concentre e me deixe ver essa belezinha que você guarda na cueca!

Pámela seguiu em direção a desarrumada cama retirando as vestes e jogando pelos lados, em pé na cama, completamente nua de costas pra mim, se acocora.
- Vem meu benzinho, me arregaça!

Novamente fico paralisado diante da cena, enquanto ela passava lentamente vaselina entre as dobras rústicas.

- Olha acho que assim num vai dar, preciso me esquentar, entende!

Desta vez eu consegui admirar o rosto da criatura com zanga, virando-se de frente para mim, eu quase desmaiei. Pámela é um travesti, é tem o pinto até maior que o meu.
- Seu merda, sê não colocar sua maquina pra funcionar, você vai e sentir a minha na sua bunda, quer a outra metade dos cinquentinha ou não?

Reagi nos segundos seguintes, joguei a metade do dinheiro encima dela e corri em desabalada carreira pelas escadas gritando:
- Tenho sífilis, tenho gonorréia, sai da frente...
- Tenho sífilis, tenho gonorréia, saaaííí jacaré...

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