quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mascara de Plástico - novembro.75

Inverno, o aeroporto fica mais frio, gelado, a noite fica sem estrelas, eu esperava meus avós chegarem da Europa vestido como um mecânico que acabara de sair debaixo de um carro que vazava óleo do motor e para completar a aparência encontrava-me sentado no chão do hall de espera lendo, O exorcista, na época em lançamento no Brasil.

Assim fiquei pôr mais de um par de horas, e o vento frio me crispando, fui até o banheiro e de lá segui para o bar com uma fila enorme para pagar o ticket do café, resmungando a espera do ticket surge uma mulher na minha frente abrindo a carteira na procura de um trocado demonstrava pressa e ansiedade, sendo eu o cliente da vez me ofereci para pagar-lhe um café, a aparentemente senhora espichou o olho de cima a baixo daquela figura a sua frente aceitando a oferta que estendi para uma mesa próxima, confortavelmente instalada iniciei uma prosa apreciando a situação e o corpo daquela mulher.

Com o nome de Suzana, uma morena alta de olhos castanhos e amendoados, só não me agradava a pintura no rosto que não combinava com a beleza do corpo e do vestido, a maquiagem parecia uma mascara escondendo um lindo rosto de mulher. Após o café trocamos os telefones e cada qual seguiu seu destino.

Segui correndo para o portão de desembarque já avistando meus avós, troca de beijos e abraços lá fui eu com um monte de malas para o estacionamento embaixo de uma chuva de raios e lagrimas das saudades familiares, nosso caminho agoura era pra casa onde uma recepção aguardava com boas-vindas.

Passaram semanas quando minha mãe colocando uma de minhas calças pra lavar, tirou o papel com o número de um telefone, era o da Suzana, mais tarde pedi para uma amiga ligar e descobrir o endereço que guardei na minha carteira. Dias depois me encontrava livre dos compromissos de trabalho e resolvi dar uma passada na residência da Suzana sem aviso prévio, era uma 6ªfeira já tarde da noite quando cheguei em sua casa depois de atravessar toda a cidade, ela morava num prédio de 12 andares de apartamentos requintados com um grande jardim que criava um cenário de bosque com arvores altas ao redor do prédio que se localizava no centro do terreno, na portaria toda informatizada, me identifiquei diante de uma caixa preta onde corria ponto de luz para todos os lados, um pesado portão se abriu pelo qual me encaminhei até chegar no apartamento de cobertura e tocando a sineta três vezes a porta se abriu.

- Oi, eu sou o mecânico do aeroporto, surpresa...

- sim, lembranças são saudades, entre...

Entrei num sonho mágico, de extremo bom gosto e aconchegante a decoração criava uma moldura em volta daquela mulher acompanhada com uma musica suave que saia das paredes.

- Pensei que a gente não ia se ver mais gostei muito de sua conversa, quer uma bebida?

- Estou atrapalhando alguma coisa...

- Não, você me faz bem...

- Então eu aceito um vermouth.

Enquanto eu me sentava num sofá que mais parecia um pompom de estufado, ela preparava as bebidas.

- Você quer gelo...E você esta bem diferente da ultima vez que a gente se viu.

- Quero sim... A última vez foi a primeira, mas o que um banho e uma roupa cheirosa não faz com.

A gente, o que eu sei e que a primeira impressão é que marca a nossa lembrança, o que me recordo e do seu perfume, do seu jeito de falar, do seu corpo, deixa ver o que mais...

- Tá aqui seu vermouth.

No que ela foi me entregar o cálice, segui-se o ato de sentar naquele sofá que parecia uma cama d’água de tanto que pulava, conseqüentemente a gente se enroscou e as bebidas foram servidas pôr todo os nossos corpos e roupas.

- Você quer fumar...

- Agora não, gostei do seu cálice o vermouth fica bem melhor assim, saúde...

Seguindo-se um longo beijo de descobertas, esquentando o ambiente.

- Você mora sozinha...

- Sim, porque...

- Me deixa entrar assim, sem me conhecer direito.

- Acho que te conheço há muito tempo.

E outro beijo ardente se seguiu, com carinhos de ambas as partes que descobriam todos os segredos que se escondem pôr baixo das vestes. A noite transcorreu de forma rápida e alucinante, cheia de amor pôr todos os cantos do apartamento, começou na sala, fomos para a cozinha depois para o quarto, eu descobria todos os seus cantos e encantos enquanto eu depositava todo o sentimento que estava sentindo pôr ela, até alcançarmos a hidromassagem instalada no banheiro para refrescar-nos já se fazia uma manhã que o local oferecia com um agradável perfume das flores e plantas e canto dos pássaros alegrando o dia que amanhecia com finos raios de sol.

Toda aquela harmonia fazendo um bem no corpo a na alma, estávamos agoura na cozinha preparando um café.

- Julio, você tem namorada...

- Tenho...Ela e muito linda, compreensiva e gostosa...

- E o que você veio fazer aqui...

- Ora, vim me encontrar com ela, convida-la para um passeio, você gosta de camping...
- Você é danado, ta bom eu topo, pra onde vamos...

- Eu estou a fim de uma praia solitária, cheia de coqueiros, eu estou com o carro estacionado na calçada já com os apetrechos, e com três dias de folga pra gente curtir.

Depois do café, ajeitamos a roupa e seguimos para o litoral norte de São Paulo, para uma cidade chamada Ubatuba, seguiram-se dias de intenso amor, de paz, tranqüilidade e tudo estava a nosso favor o sol, o clima, tudo maravilhoso como dita as regras da paixão.

Voltamos a cidade já se fazia noite, aqueles dias se faziam lembranças na minha mente que não parava de pensar naquela amante inesperada, desta vez parei o carro na garagem de seu apartamento e fomos andando para um restaurante próximo. Durante o jantar.

- Julio, não sei direito o que você pensa de mim, mas você esta me deixando marcas na minha vida que não esquecerei, nunca tive uma experiência como esta foi tudo muito maravilhoso...

- Do jeito que você fala parece que nunca vou te ver mais...

- Acho que sim, você volta para o seu dia-dia, para o seu trabalho, para o seu destino... E eu...

Ela me entregou uma carta postada da suíça onde tinha nomes com seu sobrenome, julguei ser parentes que ela me confirmou sendo seus pais. No texto pedia para ela voltar definitivamente para os pais a fim de assumir os compromissos empresariais que os seus pais administravam. Olhei para ela e nossas lágrimas começaram a escorrer, sem saber direito o que estava acontecendo eu percebia que estava perdendo um sonho uma paixão.

- E você vai embarcar quando...

- Daqui a dois dias, precisa acertar algumas pendências, mas a passagem já esta marcada...

Partimos para o seu apartamento sem muitas palavras, e passamos a noite como uma despedida, cheia de amor e ternura. No dia do embarque fui leva-la até o aeroporto, o mesmo em que a gente se encontrou, num longo beijo nos despedimos e seguimos nossas vidas.

- Adeus, amor...

- Escreva-me...

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