quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Mochileiros - novembro.76

Havia, um pequeno grupo de rapazes e moças recém saídos do II. grau escolar que viviam num bairro pobre de uma grande cidade. Formavam os casais Julio/Katia, Maurício/Lilian, Walter/Márcia e Paulo/Marlene que tinham como ponto de encontro comum um local no imenso jardim público próximo de suas residências.

No inicio das férias escolares de verão, estavam todos reunidos na pauta de uma discussão o que fazer para curtirem todo aquele tempo ocioso, foi neste momento que surgiu a idéia de encararem uma viagem na base de carona, caminhadas e passagens de ônibus, seguindo a costa litorânea Brasileira até onde desse, ficaram até a noite resolvendo o problema que cada um tinha na relação familiar e financeira, o que precisaria para esta aventura e pôr fim marcaram a data para o início da viagem.

Manhã de uma terça-feira, despontava um dia quente e encontramos os quatro casais na rodovia que segue em direção ao litoral Paulista, destino final cidade de Manaus um dos extremos do País, seguindo a BR-101 sentido região Nordeste. Com pouco dinheiro no bolso cada casal foi se ajeitando no sentido de conquistar carona, com as dificuldades verificou-se que em muitos trechos era impraticável ficarem todos juntos desta forma foram criando pontos de encontro, como etapas de chegada, quem chegasse primeiro esperava os outros. A diversão foi envolvendo os casais que curtiam como uma disputa, gerando fatos pitorescos que eram contados de um casal para outro, num destes trechos Paulo/Marlene pegaram carona num caminhão que transportava vacas até Barra Mansa/Rio de Janeiro, ficando com cheiro de estrume pôr um dia inteiro.

O reencontro de todos os casai aconteceu na praia de Irajá/R.Janeiro, de mar calmo anoitecia quando todos estavam acampados na areia em volta de uma fogueira, dividindo lanches a base de pão com mortadela e laranjas que um dos casais havia pego num sitio.

No dia seguinte conseguiram o café da manhã com um pescador em troca de serviços na manutenção de uma cerca que protegia a casa, aproveitaram e pescaram o almoço, brincaram nas ondas do mar e aprontaram-se para a próxima etapa Maceió/Alagoas.

Demorou-se três dias para todos estarem reunidos, desta vez a maior aventura foi do casal Walter/Márcia que foram presos em Vitória/E.Santo pôr vadiagem, alimentaram-se na delegacia e foram liberados após ligações feitas para seus familiares. Já na região nordeste resolverão seguir todos juntos em caminhada em sentido a Recife/Pernambuco, percorrerão aproximadamente 20 quilômetros quando localizarão um casebre no sopé de um morro onde mora seu Germancio e Dna. Gloria com seus oito filhos, bem aceitos jantaram o que tinha disponível farinha com jabá e pousaram ocupando todos os cantos do pequeno casebre, ocorreu uma pequena confusão quando o Julio no meio da madrugada resolveu ir até o banheiro e pisou em algumas pernas e braços, quase fazendo xixi em cima do Maurício que dormia sentado no vaso sanitário, que acordou com o berro da Márcia que avistou uma aranha subindo pela cortina na penumbra da noite. Aranha morta e o Julio indo fazer suas necessidades no meio do mato a noite ficou tranqüila.

Na manhã seguinte cada um colaborou no que pode para agradecer e gentileza do seo Germancio, consertaram a calha, alimentaram as cabras, as mulheres limparam os quartos ensinaram algumas receitas para Dna. Gloria, indo todos se reunir na praia e se divertir no mar, a piada do dia foi do Paulo que tentou tirar leite de um boi velho que só servia para bife como dizia seo Germancio, levando uma rabanada pelo desaforo.

Mais aventuras estavam se acumulando quando chegaram em Recife, juntos no parque da cidade, terminaram pôr pernoitar no próprio jardim, fizeram passeios pôr todos os recantos da cidade foram até Olinda, onde conseguiram uma carona num caminhão velho que levou todos juntos até Natal/R.Gde. do Norte, novo objetivo chegar a rodovia Transamazonica e seguirem até Manaus.

Na chegada em Natal com sorte fizeram amizade com um Rico proprietário de Salinas, ficaram hospedados em sua residência pôr dois dias com diversas mordomias. Fizeram as contas das aventuras e tinham já um saldo de 15 dias de estórias para suas vidas.

Fizeram cabotagem, nova carona numa “ximbica “ até Teresina/Piauí, pernoitaram na própria casa do motorista, mudaram o rumo para conhecer São Luís/Maranhão, no caminho procuravam encher a mochila com frutos e alimentos que arrecadavam, auxiliavam pessoas com seus conhecimentos do seu estudo na capital, sempre se ajudando mutuamente nas necessidades que ocorriam pêlos longos caminhos de estrada. Na capital do maranhão chegaram embaixo de uma chuva torrencial que assolou a região, a população festejava a chegada das águas depois de 90 dias de escassez, aproveitaram e descansaram pôr três dias das longas caminhadas.

Ainda chovia quando partiram de São Luís em direção a Manaus, com a cooperação de um fazendeiro, foram todos montados em lombos de cavalos e jegues até uma cidade que fica no meio do percurso até Manaus. Os casais completaram a etapa de ida de várias maneiras, um entrou na cidade a pé, outro de barco, a cavalo, em cima de ônibus, reuniram-se no pátio da prefeitura, e lá ficaram num porão cedido pêlos funcionários, mais um período de descobertas daquela cidade pitoresca e calorenta, para um grupo entusiasmado como estavam chegaram a dar entrevistas para o jornal local relatando suas desventuras para chegarem até ali, planejavam agoura a volta para São Paulo.

Com toda a publicidade, conseguiram carona pôr um avião da FAB, que tem como destino Brasília/DF, que liberou toda a turma num posto do INCRA fronteira do Amazonas com Mato Grosso, mais caronas, atravessaram Goiás, dormiram em pastos, pescarias e até caçada a patos selvagens com estilingues improvisados para terem carne para se alimentar, a região central do país com extensos cerrados e poucas habitações faziam o grupo se esforçar em manterem-se unidos, passaram pôr Brasília onde elegeram a pior cidade do passeio pela sua inospitalidade, até que 40 dias depois do inicio desta aventura chegaram em São Paulo, cansados e felizes montaram uma festa com todos os familiares, planejando a futura aventura para o sul do país.

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