terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

TEMPO INOCENTE - NOV.75



Após extensiva comemoração ao tri-campeonato de futebol da seleção brasileira, trazendo ares de vitória aos patrícios, renovando esperanças de nova política, foi neste cenário que iniciei estudos na série ginasial.

Início de ano escolar, 1ª dia de aula, pleno em juventude bestial a encontrar-se com paredes sociais e intolerantes em todo meu ser bagunceiro.

Nesse primeiro dia com natural curiosidade em nova escola, novos professores, novos rostos. O sangue nervoso com a novidade de classe mista, meninos e meninas ingênuas, recém saídas de uma escola de freiras, ansiosos em novas amizades, adentrou em classe, êxtase, entreolhares, risos e chacota, reconhecimento dos territórios.

Sentei na 1ª fila, carteiras duplas, ao meu lado estava uma flor de pernas, uma linda loira de olhos verdes, um rosto de rubi de tão bela a princesa, sonhei.Um lindo sorriso se abriu no rosto encantador, enfeitiçado, sorriso maroto rapidamente fortaleceu companheira amizade, o perfume daquela menina me encantava.

Juventude bestial comandava meu corpo, nos primeiros dias e meses que se seguiram à amizade crescendo e se aflorando um compromisso, exageradamente já não conseguia respirar sem ela, seu tudo. O primeiro amor sem coragem de se declarar, o medo de ser rejeitado, o receio me sufocava, a procura de coragem de expor minha paixão em palavras, o que meus olhos e corpo já se manifestava diante do ser amado.

Tarde ensolarada caminhando em direção a escola, esgotado pela manhã de trabalho, ao meu lado a princesa, desde o dia que nos conhecemos, descobri que ela morava próxima a minha residência, nessas coincidências da vida, fez dos meus dias à vontade de ir e voltar em sua companhia. Conversando assuntos do cotidiano foi quando o cordão do seu sapato se desamarrou próximo de uma escadaria em ladeira que separava as ruas do alto e baixo do bairro, tomei a imediata providência de acudi-la a sua segurança evitando tropeço, agachei como um servo para amarrar-lhe os cordões sem pressa, meus olhos iniciaram uma excursão a beleza das pernas abria-se o vestido uniforme, meu coração começou a bater mais forte, vorazmente, sem pensar peguei suavemente no seu tornozelo, subindo a mão até os joelhos, me pondo de pé prontamente, coração explodindo, encarei aqueles olhos que nada me reprimiam e devagar tremendo beijei-lhe, beijo molhado que encontrou os lábios de quem me ensinou a beijar.

Naquele beijo nasceu um romance que se comemorou em quatro meses onde conheci o primeiro amor. No final do ano após os exames, férias, e tudo acabou pôr encanto, aquela garota que tanto amei desapareceu num encantado mistério, aprovada na escola todos seus familiares mudaram de residência, sem recados, sem maneira do paradeiro, rumo desconhecido, sem ela saber levou meu coração, nunca mais os encontrei.

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