
Para quem tem somente criticas a bebedeira pessoal desenvolve a sensibilidade oferecendo oportunidade para transparecer as angustias e mostrá-las ao mundo.
Foi na noite de três de julho de 1975, eu trabalhava num balneário e já fazia nove horas de noite quente no bairro, encontrava-me encostado à parede lateral de entrada ao recinto, frente à calçada, admirando o movimento, quando avistei um negro cambaleando pela ilhota da avenida principal, aos trancos e barrancos ele se aproximava da minha vista, até que reparei no que ele estava fazendo.
Zonzo, embriagado, pôr cada arvore que passava ele limpava o tronco e galhos da sujeira de papéis e plástico que se acumulavam e podando os galhos secos deixava a arvore limpa para crescer. Recentemente a prefeitura havia colocado muda de diversos tipos de arvore e a população já demonstrava todo o seu interesse colocando espetos, paus e faixas em volta de uma planta que queria ser arvore. Zonzo e embriagado seguiram seu destino nos 5 km de avenida.
Um gesto deste faz a gente pensar, será que temos que nos embriagar para fazer o certo, pôr que o politicamente correto não se faz sóbrio, falta de conscientização, de pudor, de vergonha, de que é preciso para fazer o que o coração pede para que o nosso próprio convívio seja melhor.
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